O ano é 1960, Richard Nixon começa a sua caminhada pelo poder, e numa tentativa desesperada, Hunter S. Thompson decide sair da América, em direcção a Porto Rico, para ir trabalhar numa revista local, El Sportivo, onde elaborou a história de The Rum Diary, lançado em livro mais tarde, agora adaptado ao cinema por Bruce Robinson, com Johnny Depp a interpretar o papel de Kemp.
Confesso, nunca ter lido o livro, mas agora passou a constar da minha lista de "a ler", tal forma o filme me agarrou. Kemp, depois da chegada a Porto Rico, vê-se numa cama de hotel, ressacado, depois de estoirado o mini bar do mesmo. Era normal em Kemp, umas garrafinhas de bolso e óculos de sol sempre o acompanhavam. Sempre com o sonho americano a vir à conversa, pelos piores motivos claro, estava em decadência, "As pessoas só se interessam por quem ganhou o jogo, não pelo que está mal", dizia o editor a Depp que constantemente trazia artigos, onde, ou tentava desmascarar alguém, ou onde relatava o que de mal se passava em Porto Rico.
Um desses artigos, é não só, sobre os políticos e entidades corruptas, como sobre Sanderson (Aaron Eckhart), que tentam-no convencer a escrever sobre como uma ilha desabitada poderia trazer lucros incontornáveis, através de mentiras pois claro, a realidade dessa época, é a realidade de hoje, se bem, que pior. Começando, apenas por um hotel, mas com esse hotel, seria depois preciso parques de estacionamento, marina, outras instalações, tudo a partir do crer de quem permite, que seria apenas algo que nada afectaria a localidade, só para melhor. O que isto implicaria, era a destruição de um paraíso, que Kemp descobrira, mas é engraçado ver, que ao longo do filme, ele nunca chega a recusar o acordo, mas era nas suas atitudes e na maneira como escrevia, que a negação era transmitida ao espectador.
Não só de sátira vive este filme, tem as suas componentes cómicas, muito boas, sempre com Depp e, também com Michael Rispoli (interpreta o amigo de Kemp, Sala), como destaque, química enorme, a demonstrar o bom guião escrito por Robinson, que filmou o filme nos bons 16 mm, com qualidade excepcional, transpirando vida. Impossível, é comparar o estado actual de austeridade, com o dessa época que é bem representado no filme, através de todo o sofrimento e desespero contrastante com o luxo que é vivido na mesma zona, mas, é bom retirar exemplos, que mesmo tão negativo que possa ser o futuro, é tentar viver a vida pelo melhor, num Porto Rico à sombra da América, segundo Kemp, o paraíso morava ali.
O meu único problema com o filme, foi mesmo o final, um pouco apressado e com muitas pontas soltas, unidas por um mero texto final que soube a pouco, quando ler o livro, verei se assim será igual, ainda assim, longe da perfeição, mas um filme deste calibre, não precisa de tal, e a citação de Kemp ao afirmar "Hoje em dia, todos pensam saber o preço de tudo, e o valor de nada", para mim só essa frase marcou o filme no seu todo.
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